O Sonho à Luz da Psicanálise
Diante de tantos acontecimentos vividos diariamente, tantos compromissos e atividades efetuadas de forma sistemática, acabamos nos defrontando com o cansaço e o stress da vida moderna. Quando conseguimos nos desligar deste mundo atribulado e cheio de informações, só pensamos em descansar a nossa mente e o nosso corpo e prepará-lo para uma bela noite de sono.
Quando dormimos entramos em um “processo mágico”, pois é durante o sono que alcançamos e sentimos o poder de mergulhar em um mundo totalmente novo e secreto: o nosso Inconsciente.
Durante o sono dispomos de forças inconscientes que nos levam a sonhar, todas as pessoas sonham e os sonhos como nos diz Freud, são a realização de um desejo. Desejos esses que existem dentro de cada um, mas que devido aos costumes, cultura, educação e a moral da sociedade, foram recalcados, reprimidos ficando assim, no mais fundo e obscuro de nosso inconsciente, só manifestando seu poder durante os sonhos.
Os sonhos á luz da psicanálise são como uma válvula de escape para nossos desejos mais secretos, desejos vistos como proibidos por nós mesmos através do que a sociedade nos impõe, sublimados e manifestados nos sonhos.
Os conteúdos inconscientes sempre estiveram presentes e se manifestam em nossa vida de diversas formas, entretanto, essas manifestações inconscientes só tiveram total atenção com os trabalhos de Freud sobre a interpretação dos sonhos, que até então era desprezada pelos cientistas da época.
Os sonhos possuem conteúdos manifestos e latentes e fazer a distinção destes conteúdos para Freud foi um canal de encontro para a estranheza das pessoas que deparavam com seus pensamentos. Pois, os conteúdos latentes dos sonhos, indicavam manifestações do inconsciente e eram necessários métodos exclusivos para se entender o real significado, feito isso, os sonhos acabavam se revelando como desejos inconscientes sempre com material recalcado e infantil indicando uma relação com algo de caráter sexual.
Entender os significados dos sonhos a priori foi de extrema importância para a teoria psicanalítica, pois através de suas interpretações, foi possível desvendar o material oculto de cada individuo e concomitantemente entender a sua construção psíquica.
Os sonhos configuram-se como métodos de descargas de pensamentos, que são sublimados para que dessa forma não afetem diretamente nosso imaginário, por isso muitos sonhos são vistos como absurdos e ilógicos à primeira vista, embora seja totalmente o contrário. O material dos sonhos possui conteúdo psicológico fundamental para o estudo da mente.
Para se analisar os sonhos são imprescindíveis que não se direcione a atenção somente aos conteúdos manifestos, mas principalmente nos conteúdos latentes dos sonhos, pois é ai que se encontra seu verdadeiro significado.
Portanto, dar atenção aos sonhos e aos seus significados é ao mesmo tempo dar atenção aos conteúdos mentais que foram recalcados e sublimados da consciência pela ação de nosso ego e superego, pois é nos sonhos que nossos desejos primitivos e instintivos (id) encontram vazão para conquistar seu lugar ao sol.
Ao falarmos de sonho, estamos nos referindo ao termo “sonho manifesto”, que é quando o indivíduo faz o relato do que vivenciou dentro do sonho, logo após ter acordado, ou seja, é o ato de lembrar-se. Quando nos referimos ao que o sonho traz, seu significado, dizemos que este ato é especificado como “conteúdo latente do sonho”.
O conteúdo latente do sonho é a primeira parte do processo de sonhar formado por três componentes: I- impressões sensoriais noturnas; II- pensamentos e idéias relacionadas às atividades do dia (fragmentos do nosso cotidiano, antes de pegamos no sono); III- impulsos do ID.
São as impressões sensoriais do indivíduo que se referem ao que os sentidos capturam mesmo durante o período de dormência ( os barulhos ao seu redor; seus desejos, como beber água, calor, frio,etc.) tudo o que podemos adquirir nesse estágio se refere ao conteúdo latente do sonho.
Em relação aos pesadelos, eles foram um dos maiores desafios que Freud encontrou, ele era a prova de fogo que desafiava a doutrina do pai da psicanálise. Pensando que o sonho era a realização de um desejo reprimido; não poderíamos sentir a tristeza, ou seja, o desespero e a angústia do pesadelo, se de certa forma o objetivo central do sonho era a realização do próprio desejo e por conseqüência a nossa realização.
É em nossos sonhos que procuramos realizar os nossos mais profundos e sinceros desejos que, se feitos à luz do dia seriam motivo de vergonha e horror para aqueles que junto conosco compõem uma sociedade impostas de valores e conceitos. Quando temos o ato de fecharmos nossos olhos, temos isso como um passaporte para outro país, o país das maravilhas, bom de certo modo a maravilha que gostaríamos que fosse nossa vida.
Entrando profundamente nesse vasto mundo de desejos reprimidos e não realizados; fazemos um mergulho direto para nosso inconsciente, ou seja, para dentro de nós mesmos, tentando procurar o máximo de realização.
Há dentro de nós certo grau elevado de aspirações sociais; tendências em que somos criados, e que cria em nós mesmos certo tipo de CENSURA.
O pesadelo se dá quando há uma satisfação consciente da personalidade que visa os princípios morais, em vez de haver uma satisfação dos desejos reprimidos instintivos. Buscamos em primeiro lugar a “tranqüilidade” em estabelecer uma satisfação com nossa consciência moral do que com nossos desejos, é assim que acontecem os pesadelos.
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